Mc Duduzinho

A nova música intitulada ‘Indignação’ divide set com “Pássaro Azul”, “Este é o Lugar”, “Grite”, “Saci Pererê” e outras; nova formação tem fundadores Lazzarini e Mozart Mello e novo vocalista.

Uma das principais bandas de rock progressivo da história da música brasileira está de volta. Com nova formação, novo gás e a precisão e força que só os mais 40 anos de trajetória são capazes de criar, o Terreno Baldio montou um novo show, mesclando clássicos e composições inéditas.

A atual formação, considerada a mais afiada de todas, inclui dois dos fundadores da banda, o tecladista Roberto Lazzarini e o guitarrista Mozart Mello, o baterista Edson Ghilardi, o violinista Cassio Poletto, o baixista Geraldo Vieira que está desde 2008 e o vocalista Roger Troyjo, especialmente apresentado neste retorno.

O retorno acontece no momento em que o rock progressivo e psicodélico voltam a ser notícia devido às comemorações pelos 50 anos do festival Woodstock, nos Estados Unidos, e pelas mais de quatro décadas do festival de Águas Claras, o “Woodstock brasileiro”, realizado em Iacanga, no interior paulista.

O repertório traz a novíssima “Indignação” dando ainda mais força ao set formado basicamente com músicas dos dois álbuns lançados pela banda, “Terreno Baldio”, de 1975, e “Além das Lendas Brasileiras”, de 1977. “Pássaro Azul”, “Loucuras de Amor”, “A Volta”, “Este é o Lugar”, “Grite”, “Caipora”, “Echo Groove” e “Saci Pererê” estão entre as composições.

As canções foram rearranjadas priorizando e aprimorando as principais características da banda, com suas ricas harmonias, polirritmias, contrapontos, riffs, elementos vocais próprios e execução impecável. Tudo isso trazendo traços de música erudita, de jazz, rock e da música popular regional brasileira. O resultado é um show vigoroso e cheio de energia para os fãs do rock progressivo de todas as gerações.

O Terreno Baldio foi formado em 1973 por Roberto Lazzarini (teclados), Mozart Mello (guitarra) e João Carlos Kurk (voz, flauta e percussão), ainda João Ascenção (baixo) e Joaquim Correia (bateria e percussão). Kurk, Lazzarini e Joaquim Correia já haviam tocado juntos no Islanders, uma banda cover que fez sucesso entre 1966 e 1971.

A estreia em palco ocorreu em agosto de 1974, quando se apresentaram no “Festival do Cometa”, no Parque Ibirapuera, com diversas bandas de rock da época. Dali para o primeiro disco foi questão de tempo. No ano seguinte, o grupo entrou em estúdio para gravar o LP “Terreno Baldio”.

Participações importantes em festivais de música, especialmente os destinados ao progressivo, e shows Brasil afora foram preparando a banda para um trabalho ainda mais versátil e inovador: o conceitual “Além das Lendas Brasileiras”, já com Rodolfo Braga no baixo, lançado em 1977.

São deste trabalho canções sobre o folclore brasileiro e temas relacionados à preservação da natureza. Uma das músicas é a versão do Terreno Baldio para “Passaredo” de Chico Buarque e Francis Hime.

O grupo se manteve na ativa até 1979, vindo a se reunir novamente em 1993, neste ano Kurk, Lazzarini e Mozart se uniram ao baixista Renato Muniz, ao baterista Ricardo Brasa e o violinista Cassio Poleto. Com essa formação, o grupo fez um novo registro do álbum de estreia, desta vez com versões em inglês e faixas extras. Numa nova formação neste mesmo ano com o baterista Edson Ghilardi.

Em 2008, o Terreno Baldio participa da Virada Cultural na cidade de São Paulo se apresentando na Praça da República num show histórico.

Kurk acabou partindo em agosto de 2017, mas seu espírito inquieto se manteve presente e certamente inspira os antigos companheiros nessa nova empreitada. E é envolto nessa energia que transcende a existência na Terra que o Terreno Baldio volta aos palcos mais forte do que nunca.

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