Biografia

Moraes Moreira começou tocando sanfona de doze baixos em festas de São João e outros eventos de Ituaçu, o “Portal da Chapada Diamantina”. Na adolescência aprendeu a tocar violão, enquanto fazia curso de ciências em Caculé, Bahia. Mudou-se para Salvador e lá conheceu Tom Zé, e também entrou em contato com o rock n’ roll. Mais tarde, ao conhecer Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, formou o conjunto Novos Baianos, onde ficou de 1969 até 1975. Juntamente com Luiz Galvão, foi compositor de quase todas as canções do Grupo.[1] O álbum Acabou Chorare, lançado pela banda em 1972, foi considerado pela revista Roling Stone Brasil[2] um dos 100 melhores álbuns da história da música brasileira. Moraes Moreira possui 40 discos gravados, entre Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar e ainda dois discos em parceria com o guitarrista Pepeu Gomes. Moraes se enquadra entre um dos mais versáteis compositores do Brasil, misturando ritmos como frevo, baião, rock, samba, choro e até mesmo música erudita.

Saiu em carreira solo no ano de 1975, e desde então já lançou mais de 20 discos. Na sua carreira solo, destacou-se como o primeiro cantor de trio elétrico, cantando no Trio de Dodô e Osmar, e lançou diversos sucessos de músicas de carnaval, no que se convencionou chamar de “frevo trieletrizado”. Alguns dos sucessos dessa fase são “Pombo Correio”, “Vassourinha Elétrica” e “Bloco do Prazer”, dentre outras.

“Tudo começou em Ituaçu, cidade do sertão baiano, onde nasci. Ainda criança, já era despertado pelo som das bandas de música, pelas madrugadas que antecediam a festa da Padroeira. Eram as alvoradas. Tubas, trompas, trompetes, clarinetes e plautins no toque da caixa, lindos dobrados rompendo o silêncio, entrando em meu sonho. Fogos de artifício explodiam no ar. Logo corria pra rua, e atrás da banda andava e admirava todos aqueles instrumentos e seus sons maravilhosos. A Lira e a Jandira, duas bandas que completavam a alegria da cidade. Bandas que passaram dentro de mim.

À medida que ia crescendo, crescia também o interesse pela música. Ganhei da minha irmã uma sanfona de doze baixos, meu primeiro instrumento, e em pouco tempo de aprendizado já dava para animar festas de São João, batizados e casamentos. Meu professor foi Fidélis, o melhor sanfoneiro da região. Nessa época, se encontrava preso, cumprindo pena por crime cometido na Gruta da Mangabeira. Eu ia visitá-lo em sua cela, enquanto ele me ensinava um pouco dos conhecimentos de sanfoneiro.

Com 16 anos de idade, concluí o ginasial em Ituaçu. Para continuar os estudos, fui para Caculé, cidade vizinha onde havia o curso científico. Chegando lá, logo fiquei conhecendo dois bons violonistas que me ensinaram os primeiros acordes. Me apaixonei pelo instrumento. Mestre Dadula era um deles, do qual eu ouvi duas frases que jamais esqueci: “Violão não tem fim” e “Afinar é mais difícil que tocar”. O outro era Arnunice, colega de colégio com quem aprendi muita coisa. Tocávamos juntos em festivais, bailes e serenatas.

Três anos em Calulé, terminei o curso científico e adquiri, nesse espaço de tempo, um conhecimento razoável de violão. Parti para Salvador, onde deveria prestar exame de vestibular para Medicina. Senti, nesse momento, que já estava bem mais pra música. Ingressei no Seminário de Música da Universidade Federal da Bahia e mesmo não encontrando vaga para estudar violão, topei fazer o curso de percussão, pois meu objetivo era conhecer pessoas e penetrar no meio musical de Salvador. Foi aí que encontrei Tom Zé, grande compositor baiano, que ensinava violão no Seminário, e com ele estudei cifras e composição. Este foi meu primeiro contato com a música; até então eu só tocava de ouvido.

De lá para cá, são mais de 30 anos de estrada, entre Novos Baianos e carreira solo. Isso sem falar nas músicas gravadas por grandes artistas da MPB.

O violão tem sido o companheiro inseparável, o parceiro de sempre.”

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