Biografia

João Suplicy

A maturidade traz autoconfiança. E um artista confiante, quando talentoso, é capaz de realizar voos cada vez mais altos.

Completando 20 anos de carreira, o cantor, compositor e multi-instrumentista João Suplicy vive, nesta altura da carreira, este momento de maturidade e autoconfiança, cujo reflexo pode ser ouvido em seu mais recente álbum “João”, lançado em 2017 – seu primeiro disco solo autoral em 12 anos.

“João” também é seu primeiro trabalho após passar quase oito anos como duo “Brothers of Brazil”, projeto desenvolvido com seu irmão Supla. A experiência, “muito intensa”, segundo João, o fez “confiar mais na própria intuição”, arriscando e ousando mais. Com o duo, tocou em festivais e em diversos shows no exterior, gravou três discos (e um compacto) e sedimentou um estilo de tocar que hoje lhe é peculiar, com violão de cordas de nylon “distorcido” na amplificação – no “Brothers of Brazil”, também passou a atuar como multi-instrumentista, tocando, entre outros instrumentos, baixo e piano.

Findada esta fase, era hora de um encontro consigo mesmo. “O disco tem minha mão em quase tudo. Eu acabei produzindo a maior parte das faixas, eu toco diversos instrumentos, as musicas são todas minhas… Então é muito a minha cara mesmo”, afirma. “Por isso o nome ‘João’: simboliza esse encontro comigo mesmo”.

Foram tantas composições novas criadas nestes últimos anos que “daria para fazer uns quatro discos” de músicas inéditas, de acordo com ele. Neste mais recente trabalho, João Suplicy volta a trazer uma marca que acompanha sua carreira: o ecletismo. “Minha música é miscigenada, assim como o Brasil”, diz o compositor. O álbum traz ainda as participações especiais de Zeca Baleiro, na faixa “Um abraço e um olhar”e de Marina de la Riva em “Dicionário do amor”. Esta, está na trilha da novela Carinha de Anjo, do SBT.

O dom de João em misturar diferentes gêneros musicais, com resultados surpreendentes, já havia ficado latente em seu último trabalho solo, “Love me tender”, lançado em 2006. No álbum, que traz a produção musical de Roberto Menescal, ele interpreta músicas de Elvis Presley sob o compasso da bossa nova.

Na verdade, desde seu primeiro disco, “Musiqueiro” (1998) esta característica já estava presente. A faixa que dá nome ao disco, por exemplo, traz os versos: “Eu vim da cidade/ E veja se pode/ Um paulista gostar de baião/ Mas deixa eu dizer/ Que a diversidade/ É marca dessa geração/(…) / É Bob Marley de manhã/ De noite João Bosco e Djavan/ (…)”.

João Bosco, aliás, é citado por ele como uma de suas grandes influências. “Quando fui morar no Rio de Janeiro pela primeira vez, eu tive uma fase muito João Bosco, de ficar tirando aquele violão dele”, diz.

Para que suas composições tivessem influências de diferentes ritmos e gêneros, no entanto, era preciso beber nas mais diferentes fontes de inspiração. E assim foi. Além de João Bosco, ele cita Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan, Baden Powell e Lenine como guitarristas/violonistas que exerceram uma influência marcante no seu estilo de tocar violão.

Além do rock e da MPB, em determinado momento da vida, João também foi “picado” pelo “micróbio do samba”. “No Rio, conheci a Beth Carvalho e ela foi super acolhedora, me levando para conhecer várias rodas de samba”, diz João.

A paixão pelo samba acabou gerando frutos. Carnavalescos. Em 2017, colocou o bloco “Tsunami do Amor” na rua. Neste ano, repetiu a dose com o agrupamento rebatizado de “Solteiro e Vagabundo” – ambos os nomes remetem a composições presentes no seu mais recente trabalho. “O bloco é só eu e o violão, que às vezes soa como uma guitarra, com mais oito ritmistas. É um bloco diferente”, explica.

No campo musical, João ainda lidera a “Big Band na Gaveta” e conta com um trio para apresentar seu mais recente álbum. Em 2015, ele também lançou a banda de rockabilly João Suplicy & The Hound Dogs – atualmente, porém, o projeto está suspenso. “Eu curto rockabilly, mas eu não acho que seja uma coisa tão presente para eu ter um projeto só disso”, afirma.

Desde o início de 2016, o músico também toca o programa “Violão ao vivo no quarto”, com veiculação ao vivo pelo Facebook em todas as segundas-feiras, às 20h30, e do qual já participaram nomes como Criolo, Evandro Mesquita, Chico Cezar, Mariana Aydar, Mano Brown, Leci Brandão e Zeca Baleiro. “A maior parte do meu publico, que conhece meu trabalho solo, depois dos ‘Brothers’, acredito que venha daí”, aposta.

A experiência de ficar atrás das câmeras não é nova. Com o irmão Supla, apresentou na Rede TV!, entre 2008 e 2010, o programa “Brothers”. Posteriormente, também com o irmão, atuou no reality show “Brothers na gringa”, programa exibido na Mix TV que mostrava um pouco da rotina dos irmãos durante as turnês no exterior.

Sozinho novamente, depois de uma separação artística “difícil, mas importante” com o irmão, João firma sua carreira tanto no cenário nacional como internacional.

Amante da arte de compor (“ainda não terminei o trabalho de reunir essas músicas inéditas todas que tenho”), João tem aberto cada vez mais espaço para que outros intérpretes gravem suas composições. Para isso, ele segue criando. Com blues no baião. Com rock na bossa.

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