Biografia

Duofel

São poucos os grupos musicais que conseguem se manter ativos durante 40 anos. Mais raros ainda são aqueles, como o Duofel, que construíram sólidas obras musicais, calcadas em gravações relevantes e projetos criativos. Desde 1978, quando decidiram formar esse duo de violões, os autodidatas Fernando Melo e Luiz Bueno jamais abriram mão de fazer música instrumental com personalidade própria.

“Não temos preconceitos musicais. A gente gosta de experimentar todos os tipos de música”, observa o paulista Bueno, que conheceu o alagoano Melo em 1976, quando tocavam guitarra e baixo, respectivamente, na banda de rock progressivo Boissucanga. A seriedade da dupla já se mostrava em seu projeto inicial: para se aprofundarem nos meandros da rítmica brasileira, os dois viajaram meses pelo interior de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, pesquisando manifestações folclóricas e ritmos musicais, como o maracatu, o baião e a embolada.

Na década de 1980, a produtiva parceria de sete anos com a cantora Tetê Espíndola deflagrou uma extensa série de encontros que o Duofel tem realizado com instrumentistas e cantores de diversos gêneros musicais: do vanguardista compositor e pianista paranaense Arrigo Barnabé ao percussionista paulista João Parahyba (presente em “As Cores do Brasil”, o primeiro álbum da dupla, gravado em 1990, na Alemanha); do percussionista indiano Badal Roy ao genial multi-instrumentista alagoano Hermeto Pascoal, que praticamente adotou o duo, em 1993.

“Hermeto é nosso padrinho. A convivência com ele abriu nossos horizontes musicais”, comenta Melo. Graças aos inventivos arranjos que o “bruxo” de Lagoa da Canoa idealizou para “Kids of Brazil” (álbum que o Duofel gravou nos EUA, em 1996), o interesse da dupla em pesquisar novas sonoridades e diferentes afinações para seus violões cresceu mais ainda.

A maior conquista do Duofel durante essa trajetória de quatro décadas, na opinião de Bueno, foi se dar o direito de abordar qualquer gênero musical, sempre adotando uma linguagem própria. Não foi à toa que, para gravar “Duofel Plays The Beatles” (2009), o disco mais popular lançado até hoje pelo duo, ele e Melo esperaram mais de uma década até imprimir a assinatura musical da dupla nesse projeto de releituras de sucessos do quarteto britânico.

“Só quando sentimos que a gente já poderia se divertir tocando Beatles, nós gravamos o disco”, diz Bueno. Essa “diversão” se apoiou em um método intuitivo de harmonização e arranjo, que ele e o parceiro desenvolveram com o tempo. “Geralmente, os caras que fazem arranjos usam toda a estrutura harmônica da música e traçam um caminho. A gente faz o contrário: lembramos da música e já saímos criando. Gostamos de partir da criatividade, harmonizando a música sem ficarmos presos ao original”, observa Melo.

Hoje, somando mais 150 composições editadas, sete trilhas sonoras, treze álbuns e três DVDs, o Duofel comemora 40 anos de carreira musical, num ambiente em que sempre se sentiu muito à vontade: tocando ao vivo. E como costuma fazer há décadas em seus projetos, não dispensa a companhia inspiradora e criativa de antigos e novos parceiros.1

Finalmente, aquela pergunta inevitável: como o próprio Duofel explicaria essa longevidade tão incomum no cenário musical, em meio a tantos artistas e bandas descartáveis? “Nosso envolvimento com a música é muito intenso, até um pouco insano, em relação à vontade de que ela esteja sempre ‘up to date’, seja com instrumentos, sonoridades, experimentações ou repertórios. Nosso grande barato é fazer esse som que só o Fernando e eu sabemos fazer juntos”, conclui Bueno. Sorte dos fãs de diversas gerações do Duofel, que desfrutam essa brilhante parceria musical há quatro décadas.

Carlos Calado é jornalista, crítico musical e autor do blog Música de Alma Negra.

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