Biografia

Rosemary

Desde muito cedo manifestou suas aptidões artísticas

Rosemary, filha caçula e temporona, de decendência portuguesa e espanhola, com mais três irmãos. Para ela, a família sempre foi muito importante. D.Tereza, linda espanhola de Vigo, sempre esteve ao lado de sua filha Rosemary, dando-lhe a maior força. Também com aquiecência de seus três irmãos e de seu pai Romário, que inclusive quando rapaz tocava bandolim.
Carioca, vivendo no mundo artístico desde muito cedo, ia escondido de Dona Tereza, sua mãe, atrás de sua irmã “Terezinha”, que fazia os comerciais ao vivo dentro do Programa do Chacrinha; com isto teve acesso ao meio artístico e a tantos diretores e produtores de sucesso, que ainda estão em atividade na televisão brasileira. Eles viram e estão vendo cada vez mais Rose crescer dentro desta profissão, tornando-se uma das grandes cantoras da música popular brasileira. Mas ela somente começou a fazer sucesso e viver de sua carreira a partir da década de 70/80, pois até então ela considera ter vivido um laboratório, um aprendizado.

ROSEMARY POR ROSEMARY

“Sou uma Mulher, preciso sempre ser amada! Eu sou uma cantora. Essencialmente uma cantora. Essa é a grande verdade. A música corre nas minhas veias, minha mãe sempre foi uma apaixonada por música, meu pai tocava bandolim. Eu nasci e cresci cercada pela música, pelas manifestações artísticas, ainda menina, de franjinha, uniforme do colégio e saia plissada, ia na Rádio Globo, minha irmã, Terezinha, era garota-propaganda do Chacrinha e sempre me levava para assistir às gravações do programa, acompanhei de perto os bastidores de um dos ícones da televisão. Com uma escola como essa, seria impossível não buscar os palcos, não me tornar uma cantora, uma artista. E assim se deu… Desde o início da minha carreira sempre recebi muitos elogios, a minha beleza sempre foi destaque e eu até poderia ter enveredado por esse mundo das passarelas, dos desfiles, ser uma modelo. Mas se eu fizesse isso, eu teria que deixar a minha carreira musical para trás e tenho plena certeza que me sentiria uma profissional, uma mulher incompleta. Então eu sempre tive que batalhar muito para provar que uma cantora poderia também ser uma mulher bonita. O meu trabalho é esse: eu sou uma cantora, embora uma cantora que sempre gostou de se arriscar em outras possibilidades artísticas. Eu sempre fui uma pessoa com um olhar muito abrangente. Uma cantora não precisa apenas soltar a voz! Ela pode fazer tudo. Ela pode cantar, compor, dançar, fazer TV, novelas, pode alçar voos, outras vibrações no meio da arte. Eu sempre fui muito versátil, eu diria até inquieta, gosto de descobrir, gosto de me arriscar, nas minhas horas vagas eu pinto, toco violão, teço tapetes. Eu sempre cito como exemplo de artista multifacetada a Carmen Miranda. Eu, particularmente, tenho uma relação mágica com a nossa Pequena Notável, que conheci através dos velhos discos de minha mãe e, tempos depois, pude homenagear ajudando na concepção do museu que leva seu nome, construído no Aterro do Flamengo. Vale dizer que eu fui a única pessoa autorizada pela família da Carmen a vestir um dos seus figurinos originais, o que muito me honra. Nos anos 70, pude deixar aflorar a minha faceta de artista plural estreando, como Carmen tão bem fazia, nos musicais. Todas as atrizes da Rede Globo foram convidadas a fazer testes para a montagem nacional de ‘Promises, Promises’ (Promessas, Promessas), grande sucesso da Broadway. No meio de tantas mulheres, de beleza e talentos indiscutíveis, o genial produtor e diretor carioca Victor Berbara me escolheu para protagonizar o musical ao lado de Jardel Filho. Ficamos dez meses em cartaz no Teatro Ginástico, no Rio de janeiro. Nos anos 80 e 90, paralelo aos shows e musicais, comecei a atuar em novelas. A primeira foi ‘TiTiTi’ (1985), ao lado do grande Luis Gustavo (Victor Valentín), convidada pelo autor da trama, Cassiano Gabus Mendes, que dizia que eu havia nascido pra ser mocinha de novela. Também atuei em ‘Cambalacho’ (1986), a convite do Sílvio de Abreu. Vivi Maria Vargas, ao lado de grandes nomes, como Susana Vieira e Edson Celulari. Essa também foi a época dos meus grandes shows no Brasil, superproduções, e turnês internacionais na França, Espanha, Inglaterra, Filipinas, Itália, Alemanha, Indonésia, Japão, China, México. Um show em especial, ‘Meu Brasil Brasileiro’, desencadeou um dos grandes momentos da minha carreira. Apresentei-me em São Paulo e, na plateia, estava Wayne Smith, um amigo pessoal do Presidente americano, Jimmy Carter. Ao fim do espetáculo, Smith procurou o diretor do show, Abelardo Figueiredo, e disse que gostaria de levar a minha música à Casa Branca. Na hora, pensamos que era um trote até que, pouco depois, recebemos o convite oficial para eu cantar para o presidente. Primeira brasileira a se apresentar na Casa Branca, cantei ‘Aquarela do Brasil’, ‘Feelings’, ‘Manhã de Carnaval’ e um pout-pourri de sucessos da Carmen Miranda para uma plateia de 500 pessoas. Após o show, fui cumprimentada pessoalmente pelo presidente Carter que me disse: “Rosemary, com seu talento e sua voz você poderia ter nascido em qualquer lugar do mundo e faria grande sucesso”. Também cantei para o rei Hassun I, do Marrocos, levada pelo saudoso Joãozinho Trinta, em um espetáculo de réveillon no Palácio de Habat. Exatamente à meia-noite, a abóbada do palácio se abriu e eu fui saudada com uma chuva de pétalas de rosas. Rosas. Verde-e-rosa. Mangueira. Minha mãe já era mangueirense. Depois que me tornei adulta, artista, eu conheci profundamente a música de Cartola, Dona Zica, Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, ícones do samba, do Rio de Janeiro e do Brasil. Tenho muito afeto respeito e carinho pela Comunidade. Gosto de desfilar, de sentir meu coração bater no compasso da Bateria. Dessa paixão (pelos artistas e pelo povo) nasceu meu projeto mais recente o CD e DVD ‘Mulheres da Mangueira’, ao lado de ícones como Alcione e Beth Carvalho, retratando o universo feminino no cancioneiro de grandes mestres da MPB. Essa é a minha homenagem a nossas mulheres, guerreiras, brasileiras. Falar de mulher é lembrar de Hebe Camargo. Querida e saudosa apresentadora, não por acaso nascida no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher. Tive a imensa honra de encarnar essa grande personalidade no programa ‘Esse Artista Sou Eu’, parceria do SBT e da holandesa Endemol. Contei com um time irretocável (o ator e diretor teatral Marcello Boffat, o coreógrafo Netto Soares e a Doutora da Voz Blacy Gulfier) e consegui apresentar um timbre de voz próximo ao da Hebe, inclusive disfarçando ao máximo o meu sotaque carioca, em busca de uma pronúncia semelhante ao acento paulistano da nossa rainha da TV. Foi emocionante poder olhar no espelho e me ver como Hebe, com sua maquiagem, cabelos loiros, joias belíssimas. Para essa apresentação usei um vestido que pertenceu a ela e, no palco e nos bastidores, o comentário era um só: Hebe estava ali conosco, dando sua bênção. Além da Hebe, interpretei, sempre com elogios de público e crítica, estrelas que foram de Gloria Stefan a Amália Rodrigues, passando por Dalva de Oliveira, Valesca Pozuda e Marilyn Monroe. Marilyn também cantou para um presidente americano. Marilyn foi a capa da primeira edição da PLAYBOY. Por duas vezes estive nas páginas da revista. Gosto muito do ensaio feito para a revista Homem (antecessora da Playboy), em 1977, são fotos lindíssimas, de muito bom gosto, assinadas pelo Tripolli. Foi um momento bacana, eu sempre fui muito fotografada, sempre posei muito, para várias publicações, naturalmente fui convidada para fazer esse trabalho mais voltado à sensualidade, mas sem nudez. O segundo ensaio, de 1985, veio na esteira dos grandes shows de São Paulo, das minhas participações nas novelas e do furor que a apresentação na Casa Branca provocou por aqui. Também clicado pelo Tripolli, ganhou uma das primeiras capas de PLAYBOY com um close da estrela. Nos meus shows, eu usava shorts curtos, maiôs, decotes, tudo muito naturalmente, sem a intenção de parecer sensual, ousada. Eu sempre fui convidada, a exemplo das grandes mulheres da música, da TV, a aparecer na revista. Ponderei o último convite junto à minha família, e todos deixaram a decisão em minhas mãos: “Se você sente vontade, se é um trabalho que vai somar de alguma forma na sua vida, que não vai te trazer nenhum tipo de constrangimento futuro, você deve fazer”. Então eu disse pra eles: “Deixa comigo!”. Conversei com o Tripolli, com a produção, sobre a imagem que eu queria passar nas fotos. Esse trabalho, diferente do primeiro, teria nudez. Mesmo assim, uma nudez sutil, delicada. São fotos com uma atmosfera hollywoodiana, têm um clima de sonho, de mistério. Esculturais. Para mim, a beleza do sensual reside no ‘instigar’, não no ‘revelar’. Sou muitas. Nas artes e na vida. Instigante, misteriosa, apaixonada, espiritualizada, busco crescer, descobrir, aprender, realizar. Sou Rosemary, sou uma mulher, preciso sempre ser amada”!

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