Biografia
OK, para começar – e acredito que poucos iriam discordar -, Negra Li é a legítima herdeira de Tim Maia, Sandra de Sá, Hyldon, Cassiano e companhia, sim. É herdeira de toda uma linhagem de artistas que inventaram com alegria e despretensão uma maneira de fazer Soul Music com sotaque brasileiro e vocação natural para o sucesso. A fórmula? não existe, é claro, mas boas canções, ritmo, ganchos melódicos, emoção e carisma ajudam – e muito!
Pois bem, temos tudo isso aqui neste “Tudo de Novo” de Negra Li. Este é um disco que pode tanto falar ao grande público quanto aos ouvintes mais sofisticados e, embora faça uso explícito da tradição, nada nele cheira a “retromania”. Esta Soul Music Brasileira aqui registrada tem frescor e soa renovada e moderna.
Entre os muitos atributos de Negra Li (já estrelou a minissérie e filme “Antônia”, quem não lembra?) o que realmente chama atenção é a sua voz poderosa e timbre belíssimo capaz de cantar com punch e virtuosismo quando necessário e também com doçura e sutilezas interpretativas. Se fosse preciso rapear (não desta vez…) faria com a mesma desenvoltura. Poucas cantoras em atividade têm tamanha versatilidade, competência e presença cênica. Em mais de um sentido pode-se dizer que ela é única – não tem concorrentes no seu segmento.
Vamos ao disco, propriamente dito, então.
Temos logo de cara na faixa título “Tudo de Novo” um bom exemplo de um dos vários refrões matadores meticulosamente arquitetados para serem ouvidos inúmeras vezes sem cansar. Assim como em “Hoje Eu Só Quero Ser feliz” (Rick Bonadio / Beto Paciello), “Volta Pra Casa” (Negra Li / Khristiano Oliveira), “Não Vá” (Sérgio Britto) e principalmente em “Posso Morrer de Amor” (Leandro Lehart), dos versos “Se queres de mim quem sabe o amor / Posso morrer de amor / Posso morrer de amor”. Uma vez dentro do remoinho dessa engrenagem sonora não se consegue mais sair.
Há no extremo oposto a climática “E Eu” (Gisele de Santi) – “Você arrasou meu quarteirão / E eu construindo um edifício… Você é o futuro que passou / E eu vivendo de particípio” e “Culto de Amor” (Edgar Scandurra / Taciana Barros). Incrível constatar como em ambientes totalmente diferentes – em meio a paisagens sonoras ou acompanhada apenas por um piano – a voz de Negra Li soa sempre com a mesma qualidade e adequação.
Como toda grande cantora, Negra Li parece entender instintivamente a canção como uma “fala emocional”, o que dá às suas interpretações personalidade própria e invariavelmente contagia e emociona.
A temática das letras das canções deste disco é predominantemente a do amor romântico em seus diversos matizes. A obsessão – “Vai Passar” (Sérgio Britto) – “Eu só sei que sem ao menos saber / Eu andei foi procurando você / Eu só sei que sem sequer perceber / Eu andei foi procurando… Você”; A celebração – “Hoje Eu Só Quero Ser Feliz”; a conquista – “Não Vá”; A entrega incondicional – “Culto de Amor”; A saudade – “Volta Pra Casa”; a renovação – “Tudo de Novo” (Maurício Bressan), etc.
Há no entanto duas honrosas exceções. A balada com sabor oitentista “Fotografia” (Leoni / Léo Jaime ) e “Como Iguais”, esta uma das três de minha autoria.
“Fotografia” fala das relações afetivas da maneira mais ampla e monta um belo caleidoscópio de imagens, lembranças e reflexões em torno desse tema. Um pouco na linha de “In My Life” de Lennon Mc Cartney – “E o que vejo na fotografia / São os laços invisíveis que havia… / As cores, figuras, motivos / O sol passando sobre os amigos / Histórias, bebidas, sorrisos / E afeto em frente ao mar”. Assim como “Mais que um olhar” (Di Ferrero/ Gee Rocha) que conta com participação especial deste último ao violão, esta é uma canção claramente pop.
Já “Como Iguais” (Sérgio Britto) trata, em resumo, da procura utópica pela igualdade ou ainda do princípio básico de respeito às diferenças. Tema, aliás, caro à música Soul mais engajada. “Eu procuro um lugar / No lugar onde estou… Um lugar onde todos se vêem como iguais/ Por que só os iguais podem ser diferentes / Um lugar onde todos se vêem nos demais / Por que é olhando os demais que enxergamos a gente”.
O caráter eminentemente melódico da canção faz com que soe perfeitamente integrada ao todo do disco, isso mesmo levando em conta a particularidade do arranjo (muito feliz , diga-se de passagem), que dá um ar de jazz standard para a canção.
Apesar de aqui e ali flertar com o reggae e até mesmo, como já foi dito, com o jazz, o disco mantém-se fiel a uma linha do começo ao fim. A sonoridade Pop-Soul de “Tudo de Novo” ecoa mesmo nas canções que fogem a esse padrão. Embora, a posteriori, esse procedimento possa parecer óbvio, foi exatamente esse o maior acerto no trabalho de produção de Rick Bonadio, que executa o conceito com precisão, habilidade e bom gosto. Rick toca guitarra, violão, baixo, faz as programações rítmicas e é responsável pelos arranjos de todas as faixas do disco. Junto a um time enxuto de músicos – Beto Paciello, piano e teclados; Eric Silver, cordas e arranjos de cordas e um grupo afiadíssimo de backing vocals – consegue criar a moldura perfeita para a voz de Negra Li.
Mas não se enganem, Negra Li sabe muito bem o que quer e o que queria deste disco. A grosso modo – canções que pudessem ser lembradas e reconhecidas como suas, pela sua voz e uma sonoridade que a distinguisse de forma mais clara e contundente.
Tudo isso está plenamente realizado em “Tudo de Novo”. Estas gravações já nascem definitivas e, se isso acontece, é basicamente pelo talento incontestável e vontade de Negra Li.
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