Biografia
Samba de Rainha
Foi na casa de Tia Ciata que se ouviu pela primeira vez o lendário samba Pelo Telefone; Ataulfo Alves não vivia sem as suas Pastoras; Aracy de Almeida foi a favorita de Noel Rosa; Elizeth Cardoso, a Divina, se esbaldava de dançar samba no Carnaval; Nara Leão apresentou Zé Ketti para a Zona Sul; Dona Ivone Lara em 1965 foi a primeira mulher a fazer parte de uma ala de compositores; Dona Zica foi musa eterna de Cartola; Clara Nunes ganhou o Brasil em 1968 com Você Passa eu Acho Graça”, um samba da parceria improvável entre Ataulfo Alves e Carlos Imperial; Beth Carvalho trouxe dos pagodes de Cacique de Ramos o banjo com afinação de cavaquinho.
Dá pra escrever um tratado sobre a importância, o papel, a diferença que as mulheres fazem na história do samba. Não faltam exemplos. Compositoras, cantoras, musas, e hoje em dia instrumentistas, mesmo que ainda raras. Na época de Tia Ciata um homem podia ser preso se tivesse um pandeiro na mão nas ruas do Rio de Janeiro. Imaginem o Samba de Rainha na Praça Onze! Ia dar trabalho explicar um “conjunto regional” só de mulheres.
Mas o que mais me espanta é ver que o Samba de Rainha ainda é uma exceção. Temos muitas cantoras que se dedicam ao samba, mas são poucas as que abraçam um violão, uma cuíca, um surdo, um cavaco. No Samba de Rainha todas elas tocam, cantam e compõem. Fazem a festa e convidam pra dançar.
O compromisso com o samba nasceu meio por acaso, meio de brincadeira e agora está sacramentado com um público fiel, temporadas no mítico Bar Brahma e o lançamento do terceiro cd. Várias faixas nesse novo disco exaltam o samba, a roda, a malandragem, mas a impressão final é de um trabalho mais pop, mais eclético, mais aberto. Uma tendência que já se anunciava e que nos shows aparecia mais que nos registros de estúdio. Com
produção e arranjos de Walmir Borges (primeiro violão de Paula Lima e também seu primeiro diretor musical) entra em cena o samba rock por exemplo, com violino e gaita do excelente Junior Gaiato (da banda de Seu Jorge), scratches do DJ Rick Dub, o baixo do grande Bororó e pra dar aquele toque clássico, o mestre Luizinho 7 Cordas.
Em “Pessoa Interessante” a voz de Núbia Maciel ganha acento ainda mais rock’n roll. A mesma voz que dialoga em contraponto com o cavaquinho de Thais Musachi em outras faixas. Cavaquinho aliás, que vai da tradicional linha melódica pras distorções com wah wah. Na percussão vale destacar uma finalizada de cuíca e pandeiro com Sandra Gamon e Gadi Pavezi que ficou linda de morrer. Quebrando e preenchendo o ritmo temos o rebolo de Erica Japa e na marcação do surdo a essencial Aidée Cristina. O violão de Naná Spogis parece que carrega na alma a sétima corda tão querida nas rodas de samba e choro mas não tem nada de dolente. Essas mulheres do Samba de Rainha estão aí para contrariar a regra! Tem até Sergio Sampaio com acento flamenco! Bem verdade que o samba volta forte no refrão, mas não é em qualquer repertório que entra um compositor como esse, tido como maldito, da turma de Torquato Neto, Waly Salomão, Luiz Melodia… E não é por acaso. As sete integrantes têm em comum uma pegada forte no jeito de tocar, resultado da empolgação com o trabalho e do encontro das influências mais diversas: samba de roda, canção popular, Rolling Stones, Benito Di Paula e Roberto Carlos, só pra citar algumas.
Geraldo Pereira, que fez “Falsa Baiana” pra mulher de um amigo que vinha tira-lo das rodas da madrugada, ficaria feliz de ver como o Samba de Rainha deixa a moçada com água na boca. Ouvir o Samba de Rainha é ouvir um convite para a celebração, para a festa, para a alegria. Lembrei de Naná Spogis me contando numa entrevista que o samba tomou conta dos corações do Samba de Rainha e enquanto escrevo me vem à cabeça “A Menina Dança” dos Novos Baianos:
No canto do cisco
No canto do olho
A menina dança
E dentro da menina
A menina dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina
Ainda dança
Essas meninas sambam, e se você fecha o olho, as meninas ainda sambam.
Vamos?
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